
Minhas putas loucas. Amantes vorazes. Felizes. Marotas. Singelas qdo se mostram maleáveis. Maliciosas. Formosas. Hábeis no trocar de roupa.
Putas q carinhosamente chamo de minhas, da mesma maneira q me refiro ao tempo. Aceitá-lo é imperativo. Domá-lo, impossível.
Podemos cosê-lo, e até mantê-lo, no zelo das ilusões. Podemos tecê-lo com o novelo das recordações. No mais, nada mais.
Pois, mesmo sabendo ser devido o dividendo do tempo, em nada é exato. Não há como contê-lo, nem tê-lo nas mãos.
Putas poéticas, exóticas e neuróticas. Barraqueiras. Barrocas. Hipnóticas. Doces arteiras.
Dentre todas as putas loucas, a mais louca tentou me matar. Não superou a vaidade dos vícios, nem o martírio do implícito.
Sem suportar a igualdade dos elos vomitou marshmallow nos paralelos. Depois de comer o diabo, fermentou o pão e fez cruz credo.
Apesar de negar as bênçãos e caridade constituída pelo ofício, dependente do hospício, não resistiu ao conflito, nem a paridade do olhar aflito.
Apesar de assustada, ainda assim conseguiu ser parceira em um blues. Curiosamente, o mesmo q mutilou Capitu, com falsas promessas de deleites em um bolero.
Antes q o dia acordasse refez seu guarda-roupa e saiu por aí, cantando samba, com sua sanha sem breque, para Conceição.
Bem, dessa eu lembro muito bem...
Gabriel José García Márquez é um escritor colombiano, Nobel de Literatura. Seu livro “Memória de Minhas Putas Tristes”narra a história de um velho cronista q resolve viver uma louca noite de amor com uma garota virgem. Ao chegar a seu quarto a encontra dormindo. Sem coragem de acordá-la, se apaixona pela garota adormecida.
Conceição, samba canção composto em 1956, por Jair Amorim e Valdemar de Abreu; imortalizada na voz de Cauby Peixoto, cantor brasileiro, conhecido pelo timbre grave e aveludado de sua voz.