Adentro a sala de desembarque cansado e grávido de um café e um cigarro. Em meio ao tumultuo vejo um figurino cafajeste de bicheiro. Na hora penso ser gravação da personagem Agostinho Carrara para o seriado da televisão. Que nada. Era o Ibrahim, em seu melhor estilo sóbrio etílico, fazendo o tipo olho vivo. Natural. Afinal, como se sabe, cavalo não desce escada.
Entre ele e eu um volume exagerado de malas circulava numa esteira abarrotada e ronceira.
Tamanho peso causava um estranho e incômodo desconforto. Razão pela qual questionava as motivações q havia para enfrentar um retorno. Nunca tolerei passivamente a existência de malas. Gênero universal de artigo indefinido e duvidoso.
Por isso não causou espanto ver o blog invadido, mutilado e rastreado pela insanidade, nada rara, desta espécime rígida da raça humana. Paro. Olho. Sigo em frente...
Tamanho peso causava um estranho e incômodo desconforto. Razão pela qual questionava as motivações q havia para enfrentar um retorno. Nunca tolerei passivamente a existência de malas. Gênero universal de artigo indefinido e duvidoso.
Por isso não causou espanto ver o blog invadido, mutilado e rastreado pela insanidade, nada rara, desta espécime rígida da raça humana. Paro. Olho. Sigo em frente...
Dirijo-me até Ibrahim. Quem sabe me ajude a encontrar respostas.
Depois do trago no scotch, uma longa baforada. Só então, com a peculiar voz arranhada solta a fumaça e o veredito:
- Sorry, my friend. This is periferia humana. Quem não suporta a própria vida tem medo do q lhe espera em um espelho. Tipos assim só encontram alivio para seus martírios, fazendo análise ou bisbilhotando a vida alheia.
- O caviar está em falta. Posso servir mel de abelha?
Adentra a cena um assustado garçom. Pressentindo a reação q causaria sua inominável falha. Na tentativa de evitar a anunciada ‘esbórnia’ procuro mudar o assunto. Tiro o garçom de cena e deixo em segundo plano um ainda indignado Ibrahim.
Adentra a cena um assustado garçom. Pressentindo a reação q causaria sua inominável falha. Na tentativa de evitar a anunciada ‘esbórnia’ procuro mudar o assunto. Tiro o garçom de cena e deixo em segundo plano um ainda indignado Ibrahim.
Pela vidraça observo cores q passam apressadas entre o cinza e o azul. Só então me transporto monobloco beija-flor pelo tempo q ainda me resta. Outro tempo. Lugar sem contratempo. Luar sem nenhum contraluz a contrapor. Olor em combustão. Calor em profusão. Fio de lamparina devorando o querosene.
Na quermesse de São Jorge, Benjor cantou a pedra q um dia viria.
Bingo! Ai, ai caramba, olha eu aqui!
Bingo! Ai, ai caramba, olha eu aqui!
Volto pela assumida e abstrata necessidade de dialogar com cada átimo q me habita. Deslizar no ângulo em q o nariz empina e mergulhar no abissal de minha máxima loucura, em vida. Saludar con ámbar el sabor de la fruta. Hermosas putas q embarcan con sus barcazas en mi íntimo. Y si miran. Y mi miran, sin enbargo verme. Vivir los sentidos. Lo q hablo y vivo.
Sem portar fitas métricas, nem obedecer a falsas medidas. Sem vestir a pele animal das políticas corretas. Mas, sem descartar, em algumas árias, a bata cirúrgica do obstetra.
No mais, não vejo a necessidade de qq outro sobreaviso. Posto q a nada me obrigo. Trata-se de um blog pessoal, autodigestivo e intransferível.
Ainda assim peço aos intelectuais e eruditos - extensivo aos boçais e doentes mentais - a devida compreensão com quem escreve loas a toas. Com quem descreve a imaginação, sem a mínima pretensão de alçar a estatura de ilustres e reconhecidos imortais.
Relaxem! Meus maribondos não provocam tanto fogo...
Relaxem! Meus maribondos não provocam tanto fogo...
Aos fingidos gêneros pudicos estendo generoso penico. Externando meu sincero lamento pelo comportamento bestial. Recomendo q sigam os normais.
Aos anônimos de sentimentos e procedimentos turvos, nos últimos tempos assíduos neste recinto... Admito: continuarei a ser o q, bem ou mal, entender. Não agrega e nem me faz diferença suas torpes crenças. E ressalto, sem sobressalto: continuarei a cantar àquela menina, a do Chico, com todos os dengos cabidos. Os descabidos tiro dos cabides e sirvo no mexido, com merecidos fuxicos.
Sem ladainhas ou clamor q o inferno me seja leve. Faz favor...
Há tempos nos servirmos um do outro, em comum acordo. Nele encontro à devida inspiração q me eleva aos céus, flutuante e leve. E adianto: É total perda de tempo esbravejar. Existem coisas q somente a uma pluma é dado o direito de saber. Ou experimentar.
Há tempos nos servirmos um do outro, em comum acordo. Nele encontro à devida inspiração q me eleva aos céus, flutuante e leve. E adianto: É total perda de tempo esbravejar. Existem coisas q somente a uma pluma é dado o direito de saber. Ou experimentar.
Enfim. Nesse calhambeque sem breque ouso Roberto: só quero o q me aqueça neste inverno. E q tdo o mais, inclusive alguns q se sentem os tais, desejo, com o coração mais embaçado q parabrisa de carro na cerração, q descubram, desnudem e usufruam o fruto de seus infernos. De leve...
- Ademã, q eu vou em frente...
- Ça va, monsieur! Só não diga aonde vai. Corre o risco de alguém ir à frente, varrendo...
Eleanor Rigby - composição de Paul MacCartney, The Beatles, lançada em 1966, no álbum Revolver.
Agostinho Carrara - Personagem interpretado pelo ator Pedro Cardoso no seriado de televisão "A grande família".
Ibrahim Sued - (1924 - 1995) jornalista, compositor e colunista social brasileiro. Iniciou a carreira jornalística como repórter fotográfico, em 1946. Ganhou fama ao fazer uma foto em que o político Otávio Mangabeira parecia beijar a mão de Eisenhower, alimentando as críticas dos que combatiam o servilismo brasileiro em relação aos Estados Unidos. Como colunista social foi polêmico. Cunhou expressões que se tornaram bordões: "De leve", "Sorry periferia", "Depois eu conto", "Bola Branca", "Bola Preta", "Ademã que eu vou em frente", "Os cães ladram e a caravana passa" e "Olho vivo, que cavalo não desce escada".
Ibrahim Sued - (1924 - 1995) jornalista, compositor e colunista social brasileiro. Iniciou a carreira jornalística como repórter fotográfico, em 1946. Ganhou fama ao fazer uma foto em que o político Otávio Mangabeira parecia beijar a mão de Eisenhower, alimentando as críticas dos que combatiam o servilismo brasileiro em relação aos Estados Unidos. Como colunista social foi polêmico. Cunhou expressões que se tornaram bordões: "De leve", "Sorry periferia", "Depois eu conto", "Bola Branca", "Bola Preta", "Ademã que eu vou em frente", "Os cães ladram e a caravana passa" e "Olho vivo, que cavalo não desce escada".