quinta-feira, 10 de abril de 2014

Gabriel Garcia Márquez...




Minhas putas loucas. Amantes vorazes. Felizes. Marotas. Singelas qdo se mostram maleáveis. Maliciosas. Formosas. Hábeis no trocar de roupa.

Putas q carinhosamente chamo de minhas, da mesma maneira q me refiro ao tempo. Aceitá-lo é imperativo. Domá-lo, impossível.

Podemos cosê-lo, e até mantê-lo, no zelo das ilusões. Podemos tecê-lo com o novelo das recordações. No mais, nada mais.

Pois, mesmo sabendo ser devido o dividendo do tempo, em nada é exato. Não há como contê-lo, nem tê-lo nas mãos.

Putas poéticas, exóticas e neuróticas. Barraqueiras. Barrocas. Hipnóticas. Doces arteiras.

Dentre todas as putas loucas, a mais louca tentou me matar. Não superou a vaidade dos vícios, nem o martírio do implícito.

Sem suportar a igualdade dos elos vomitou marshmallow nos paralelos. Depois de comer o diabo, fermentou o pão e fez cruz credo.

Apesar de negar as bênçãos e caridade constituída pelo ofício, dependente do hospício, não resistiu ao conflito, nem a paridade do olhar aflito.

Apesar de assustada, ainda assim conseguiu ser parceira em um blues. Curiosamente, o mesmo q mutilou Capitu, com falsas promessas de deleites em um bolero.

Antes q o dia acordasse refez seu guarda-roupa e saiu por aí, cantando samba, com sua sanha sem breque, para Conceição.

Bem, dessa eu lembro muito bem...






Gabriel José García Márquez é um escritor colombiano, Nobel de Literatura. Seu livro “Memória de Minhas Putas Tristes”narra a história de um velho cronista q resolve viver uma louca noite de amor com uma garota virgem. Ao chegar a seu quarto a encontra dormindo. Sem coragem de acordá-la, se apaixona pela garota adormecida.

Conceição, samba canção composto em 1956, por Jair Amorim e Valdemar de Abreu; imortalizada na voz de Cauby Peixoto, cantor brasileiro, conhecido pelo timbre grave e aveludado de sua voz.


quinta-feira, 3 de abril de 2014

Tommy...



Turvo espaço do tempo. Ela surge radiante à frente da Era.
Ela o elo, linha q faltava na palma da mão.
Definem-na com tantos nomes. Alguns debocham.
Outros brincam de esconde-esconde.
O fio de esperança oculta os riscos de sua aliança.

Olhos caleidoscópicos passeiam pelos trópicos sem nome...

Por vias periféricas enveredo na tesuda relva.
Dimensões estratosféricas de seu jardim de puro éden.
Ela o éter. Fonte de minhas juventudes,
virtudes e magnitude do corpo exposto em latitudes.
No verso saliente saliento o amor feito no improviso.

Pela causa certa se quebra espelhos, se encara a luta...




Tommy é a biografia fictícia de Tommy Walker. Ópera rock composta por Pete Townshend, guitarrista da banda de rock britânica The Who.

quarta-feira, 2 de abril de 2014

Luzia Airlines... Balafon Buffet...



Seu vício era lustrar o tablado onde interpretava seu teatro com filosofias floridas de frida. Assim se sentia mais guerreira, bem menos sofrida.

Luzia, doida varrida, sempre canta enquanto lava os sanitários do apartamento em q trabalha durante o dia. À noite, para esquecer as dores, lava o assoalho de sua casa, para receber seu operário, de suor e cansaço já conhecidos.

Bem longe de sua casa, iluminado pelo imponente lustre no alto do palco, o confortável sofá ilustrava bem a frieza da arte em seu promíscuo ofício de influenciar plateias de cérebro fatiado.

A ilustre celebridade celebra warhol nos limites de seu poleiro. Por mais q deseje, sua vaidade não lhe concede o direito de adentrar os becos escuros do prazer.

Sem saída toca as carnes levemente aquecidas nas duras tábuas da lei. Por tradição mantém a vocação de se resguardar em poemas.

Sua consciência é uma caixinha q se aguarda sempre cheia de surpresas.

Enquanto lava o seu sanitário Luzia observa a tudo, mas continua guardada em segredos...




Balafon é um instrumento de origem africana, precursor do xilofone. Com número pequeno de teclas, utilizadas cabaças para ressonar em seu formato curvo, de amarrações de couro e cordas.