quarta-feira, 29 de janeiro de 2014

Dialeto ereto... Croissant heráldico...




Sábado acorda em frangalhos, na cor da noite indecifrável q se foi.

Na frigideira restos de um verbo mal passado. Na boca o veneno de um verso repartido entre os lábios.

Ainda assustado minhas partes te procuram. Meu olhar te depila. Relutas em soltar as amarras q te prendem ao planador.

Acordas tão nua qto confusa...

Pela porta adormecida escancarada, ainda coberto pelo iodo, vejo o mar se debatendo. Nem o vento se atreveu a apagar as pegadas emaranhadas na areia.

Paridos no mesmo dilúvio vomitamos nossos absurdos...

Entre nuvens o sol supõe o calor do q fomos. Ledo engano. Tudo em volta é nulo, qdo o lúdico assume, descaradamente, sua forma mais real.

No liquidificador giram rimas, tal qual vida apressada. Costurando a pele na brisa q sopra na sacada, hablamos sem dizer nada...






Croissant é uma palavra francesa que significa crescente. Identifica o pão feito de massa folhada em formato de meia-lua. Sua origem é atribuída aos padeiros de Viena, no século XIII.

Heráldica é a ciência de descrever os brasões ou escudos. Vale salientar que um escudo não é definido visualmente, mas pela sua descrição escrita em linguagem própria.

domingo, 19 de janeiro de 2014

Exílio de sabiá...




Sol a pino em dia de lua cheia
O olhar castanha pele morena.
São Miguel pra lá de gostoso
Cafunés ao gosto, dengosos,
Fetiches desnudam o amar.

É vero, Gonçalves Dias,
aqui as aves gorjeiam faceiras
em troncos de mangueiras.
Na beira-mar incendeiam
deitadas em palhas palmeiras.
No balanço da rede peleiam
como em nenhum outro lugar.

Em cismar - observo o bailado
À sombra de coqueiros
Bebo o mar prateado de luar.
Se gato carrega sete vidas,
o q dirá o encanto do sabiá...




Montagem feita a partir de foto tirada no final de tarde, na praia de São Miguel do Gostoso, poucos instantes antes da lua nascer...

Gonçalves Dias foi um poeta, jornalista e teatrólogo brasileiro. Grande expoente do romantismo e da tradição literária conhecida como "indianismo". Seu poema mais famoso foi "Canção do Exílio", escrito qdo estava fora de sua terra natal.


quarta-feira, 15 de janeiro de 2014

O q fazer? Só agradecer...




Para quem não é catedrático e nem um pouco erudito, além de lisonjeado sinto-me envaidecido.

Apenas sigo o rito do prazer em traduzir o q meus olhos telham, no q o pensamento esperneia...

sexta-feira, 10 de janeiro de 2014

Delírios gêmeos...




Em meio à dor urinas de prazer
Soltas no impulso os pulsos presos
A perda do juízo é doce martírio

Possuída no altar de teu sacrifício
Súplicas. Lágrimas. Carícias labiais.
Para teu desespero te reconheces

No q reconhece gozas por inteiro.
Não como poema, mas, no dilema
de seguir, sem controle de si mesmo


quarta-feira, 8 de janeiro de 2014

A dama e o vagabundo...




Sou cão vadio, cria das ruas. Talhado em aventuras
viro a noite na escuridão do dia, desenhando fadas
na mesa onde lambo larvas na tua vulva compulsiva.

Sem temer a fúria anônima escondida em cortinas
Engulo o vômito de palavras sujas, de juras e injúrias,
lavradas em atas, nas penumbras de baixo calão.

Sou câncer sem cura. Preamar sem descanso
a atormentar e perfurar tuas certezas. Em armaduras
sais à minha procura, pelas ruas, sem saída.

Na hora dos anjos demônios não usam disfarces...

Anonimamente alimento tua carne mais impura
exibida na barra da saia erguida, pronta para voar
no mel deste amor feito de fel. Infielmente teu.





Preamar é um substantivo feminino. O rompante e a altura da preamar variam de dia para dia, de lugar para lugar, consoante indeterminados fatores.

segunda-feira, 6 de janeiro de 2014

Lua nova...



Acordo com a lua
em desordem.
Porta fechadas
Janelas abertas
Desejos escancarados.

De olhos vendados
Esfrego as mãos.
Acaricio frestas
pela terra úmida
pronta para o cultivo.

No brilho dos olhos
viços de cipó rijo
Bailam vistosas bananeiras
Aranha pimenteira semeia
cheiro de umbu cajá.

Na floresta em festa
uma sinfonia de cios
encharcam cobertores
misturas sabores
de um verde visceral.

Frutos d’olhos d’água
Salivas cospem anseios.
Nos seios sabor caju
Sementes ejaculam
Ondas de loucura.

Terra lavrada borbulha
Gemidos. Tremores. Triunfos.
Desvendado o mistério
o universo, em paz, respira
tuas palavras em silencio...



Ernesto Cortazar preenchia o ar com “solitude”.
A lua estava a 371993 km de distância da terra.
Na janela do quarto, no entanto, eras nova.



Ernesto Cortazar foi um compositor e pianista clássico nascido na cidade do México.


sexta-feira, 3 de janeiro de 2014

Pele tâmara... Olhar rouxinol...



Até aonde a vista alcança estávamos em agosto. No alto de uma quarta-feira q se despedia do rigoroso inverno de 2010, um sol tímido sobrevoava chaminés de lareiras e pesadas mantas estendidas no arame farpado.

Nas copas alvoroçadas das árvores, colibris e pintassilgos anunciavam o final de tarde. A exemplo de outros anos, salvo merecidos enganos, com o passar dos dias àquela hora do dia cobria o riacho de cores tâmaras.

Rastros delineados em seus relevos despertavam desejos. Lábios entreabertos debatiam-se desconexos, a espera de uma primavera de perfume incomum, lascivo, parido entre pétalas.

Altivos bicos de seios despontavam de auréolas de leve tom marrom. O doce de sua fruta. A carne exibida na boca graúda. Aguda. A falsa inocência não fazia ciência de tamanha devoção.

Composição q se fez e se refez, dia após dia, se repetiria nas trilhas sonoras de eufóricas auroras em orgasmos orbitais. Uma canção acompanhada de debochadas badaladas de sinos tocava as retinas apaixonadas do olhar rouxinol.

Regidos pela lua, q não tardaria a nascer, seguiram a esmo os sinais q vinham das ruas. Por um longo tempo prosseguiram pássaros em seus volteios, até perderem-se de vista nas rimas de um horizonte ainda sem nome. Em nome do qual sabiam não mais cabiam em si.

Seguiram em si bemol...



quinta-feira, 2 de janeiro de 2014

Dorothy ribeiras... Noite arribação...




Esta noite não sonhei contigo.
Sem questionar os riscos tomavas banho no ribeirão.
Quando deu por mim, tu, diamante raro,
Eras Dorothy Lamour a passear em minhas mãos.

Vivê-la excedeu toda a compreensão...

Esta noite não sonhei contigo.
Não foi preciso. Ao som de Dolores Duran
Enfeitiçado toquei a rosa. Ela, a mais formosa,
Revelou-se meu bem na primeira estrela da manhã.

Vivê-la tornou-se preciso.
Do mesmo modo o impreciso voo arribação...




Dorothy Lamour, atriz de cinema norte-americana.

Ribeirão é um curso de água menor que um rio e maior que um riacho, apropriado para a extração de diamantes.

Arribação. Ato de regressar ao porto de partida ou adentrar em outro destino diferente do previsto.

A segunda estrofe completamente embriagada pela canção “A noite de meu bem”, de Dolores Duran, cantora e compositora brasileira, nascida na rua do propósito, centro do RJ.