quarta-feira, 20 de março de 2013

Not bad... Nothing wrong...


Goodbye red brick road
Goodbye blue bird soulless
and without eyes color.
I'll fly beyond dreams
In the little I have left of real.
Believe! Not bad.
Nothing wrong...


sexta-feira, 15 de março de 2013

Habemus Prada... Babemos Vida...



Por alguns segundos fecho os olhos ao mundo. Então, mudo de um silêncio mais improvável q inconcluso, vejo através do vidro o soprar atrevido dos ventos no passar do tempo.

Nas páginas em branco a esperada escrita. No pote a doçura aguardada do mel. Na partitura uma ternura regada por notas, na justa medida...

Viver é mais q folhear páginas na vida. É ter o q escrever nas páginas ainda não escritas. É entender q só se enxerga seu sentido com olhos cheios de vida.

Daí ela acende e me chama. Qdo queima me lança em chamas...

Daí percebo q a vida só esgana quem se engana com o tempo do tempo na vida. Que folhas, escritas ou não, tbém se perdem no vento. Qdo não adormecem ao relento, amareladas de tanto luar.

Qdo a poesia respira, alguns piram. Outros deliram. Na verdade ela não passa de sopro de areia na imensidão de um mundo desértico. Pontos salpicados de vida. Fumaça traspassada por sinais de luz...


quinta-feira, 7 de março de 2013

Papa Guernica... Makeba Pata Pata...



A princípio é bom q se diga q o título deste texto seria ‘Guernica e o rabo do tatu’. Mas, depois de ouvir Sinatra cantar ‘stranger in the night’, o distinto acabou aplaudindo o desempenho de Julia Roberts em ‘Sleeping with the Enemy’.

Credo! Dirão alguns. Cruzes! Exclamarão os mais teatrais. Qta besteira! Emendarão os metidos a intelectuais...

Não. Não espere nada de novo sobre o hemisfério. Nem mesmo sonhe em encontrar saídas nos labirintos do clero. Não esperar nada é esperar por tdo. Cantava a pedra desiludida na última rodada do bingo. O tamanho da bosta é sempre proporcional ao tamanho da posta q se tem à mesa ou do camarão q se mantém na cabeça.

Ça va! Nem sei se deva dizer o qto me custa acreditar...

Por mais q me esmere ou tente iluminar o escuro, pouco a pouco distingo os limites do vão q separa o tanto q realmente mereço, do quão vãs são as motivações para tanto impropério. Fala sério! Deve existir algum distúrbio q ainda não consegui destravar.

Inshallah! Diria meu clone escondido em algum lugar...

Por elegia as patologias ou por uma justa e insana anarquia urino na tampa q protege a pia batismal. Diante da cegueira surda dos ativistas, melhor passar a lógica q me resta em revista. De resto, nada há de mais valia. Salve a rainha hipocondríaca. Mãe de todas as ironias sem remédio para nada.

Valei-me minha senhora do Bonfim! E, se possível, me desproteja. Tudo é tão igual. Tudo tal e qual, q empaco na dúvida cruel, sem saber se um dia me manco, se entro de uma vez por todas nos tubos Amanco, ou insisto em navegar numa conexão manca.

Por mais q se tente, no oco do côco inconcluso nunca haverá água doce para se derramar...

Se a mula não amansa, não adianta torcer o rabo para a porca. Mto menos ler a bula, pois não é lá q se encontra o remédio. É sério! Não adianta teimar ou dar tiros no ar. A lei é seca, mas só é dura e desarma o cidadão de bem.

Antes q me esqueça, não é a imponência da cristaleira ou a fina louça de porcelana q determina a extensão e o alcance da rama. As juras de amor não livra o mal q nos habita. A cada mordida escancaramos a língua. Os dentes afiados, qdo desafinamos, só fazem sangrar ainda mais as feridas.

Rogai por nós, senhor dos pescadores de almas em águas poluídas...

Na tentativa de salvar a alma do tédio alguns se travestem de Frida. Picasso, por acaso, poderias fazer a gentileza de pintar outra guernica? Athayde, qtas margaridas ainda faltam aparecer? Dá para antever? Ou será q nunca irá nascer o bendito fruto q tanto se espera?

Nada mais há para dizer. Até pq não há mto o q fazer. Nem tirar. Nem por...

Tudo está no seu lugar, segundo a ordem do alegre sambista entornando sua birita. Tudo está à vista, mas nem todos pagam a justa medida das doloridas prestações. É capital se entender q em um mundo livre tdo se encontra ao seu dispor. Só não cometa a asneira de mexer na prateleira da loja.

Por conivência ou conveniência a política do correto é esconder o qto se pode a máscara do palhaço. Talvez pelo medo de não acontecer o próximo ato. Seja institucional. Seja antidemocrático. Ou, quem sabe, o receio de não haver mais plateia para tanto espetáculo.

Nos bastidores os amores tbém estabelecem seus conclaves...

Pouco importa se à mesa haveremos papa. A saída para quem mantém pulgas na orelha é esconder a coceira ou chamar Míriam Makeba para cantar ‘Pata pata’.

Hihi ha mama, hi a ma, quem não usa cuecas protege os olhos com lentes multifocais...









Miriam Makeba foi uma cantora sul-africana, ativista pelos direitos humanos e contra o apartheid na sua terra natal.

Guernica é um painel pintado por Pablo Picasso. O painel representa o bombardeio sofrido pela cidade espanhola de Guernica por aviões alemães.

Roberto Athayde é um cineasta, dramaturgo, escritor e poeta brasileiro. Autor da peça Apareceu a Margarida, encenada em mais de trinta países.

Julia Roberts é uma atriz norte americana vencedora do Oscar de Melhor Atriz pelo filme Erin Brockovich. Ficou conhecida pelo ‘grande público’ por sua atuação em Pretty Woman.

Frank Sinatra, ‘A voz’, foi um cantor e ator norte americano



terça-feira, 5 de março de 2013

Nana nenén... Noites Naná...



Para pintar uma estrela não precisou de tintas, pincel ou papel. Deitado na rede limpou a retina no seda da noite retinta. Coberta por véus salpicados ao léu ela adentrou a janela do seu imaginário céu.

De tão real pôs-se a tocá-la.

No celeste azul marinho rabiscou carinhos na flor da noite. Flor de pétalas delicadas e emoldurada por formas irretocáveis e exatas. Bem mais do q poderia supor. Por debaixo da saia acetinada beijou de mansinho. Sussurrou cantilenas iluminado pelos tons inigualáveis de sua prata.

Na hora não pensou no inatingível. Valendo-se da indefinição do instante, mais q depressa tracejou uma ponte no horizonte. Atravessou-a de modo atrevido, levando consigo um desejo impreciso e um ramalhete feito com botões de estrelas colhidas na ribanceira.

A noite se passou como tantas noites passadas. Apaixonada, apaixonante e nua, ao alcance da mão.

No dia seguinte, à tardinha, qdo o sol sumia poente, desenhou outra ponte e ficou à sua espera. Em algum lugar, longe do luar, poderiam brincar sob a luz de suas inúmeras pontas. Outra vez crianças coloriam seu mundo de faz de conta.

Ela, revelando sua face mais humana. Ele, lançando mão do infinito, se despiu de deus e dos tantos espíritos insanos.

Como por encanto ela veio sem fazer planos, como da primeira vez. E como era belo vê-la adornada em poesias. Menestrel e maestrina. Meninos e meninas. Anjos e seus demônios a tocar liras, em oitavas maravilhas.

Com os ventos sorrindo o tempo fluiu nos acordes cegos de um violoncelo; nos atabaques e chocalhos de Naná Vasconcelos; no cantarolar de Nana, qdo o sol se fazia Caymmi numa beira de mar.

Há quem diga q até Caetano pediu para cantar, querendo q seu corpo tbém ficasse odara. Vai saber! Por via das dúvidas havia decidido, a próxima ponte desenharia no Gantois...







Gantois é um candomblé de tradição hereditária consanguínea, em q os regentes são sempre do sexo feminino.

Nana Caymmi é uma cantora brasileira nascida no Rio de Janeiro. Filha dos cantor e compositor Dorival Caymmi e da cantora Stella Maris.

Naná Vasconcelos é um músico percussionista pernambucano, desde cedo envolvido os movimentos de maracatu locais. Nos anos 60 conquistou repercussão mundial por seu talento com o berimbau.

Caetano Veloso é um cantor e compositor baiano. De tão odara, nem é preciso falar mto.



domingo, 3 de março de 2013

Adorno Renoir... Contornos Adoniran...



Travesseiros cúmplices e travessos descansavam junto ao corpo esparramado no emaranhado de lençóis de puro algodão. Um deles, o mais irreverente, envolvido por pernas esbranquiçadas e roliças, absorvia a umidade incrustada no entrecoxas e o cheiro forte do sexo q embalara a noite de prantos, acalantos e torpor.

No quarto, agora em penumbra, ainda ecoava os últimos acordes de uma rumba sem pudor.

Não. Não era em Paris. Embora as vestes dependuradas no cabide estampassem um refinado toque meretriz. Embora, sobre a cabeceira, um cartão postal rabiscado em francês reproduzisse um Renoir.

- Excusez-moi, mon amour. Je ne peux pas rester une minute de plus avec vous...

Fora isso, uma aparentemente calma pinçava versos bucólicos no quarto antes varrido pela tempestade de verdades.

No território livre dos desejos a inocência q beirava a demência irradiava felicidade pelas veias. Irrigava as entranhas, até então estranhas, levando o dorso a se contorcer em desconexos dialetos.

Com o fio da navalha a perfurar os dilemas a alma sangrava no peito. Viver parecia ser o desespero de ser o derradeiro amalgama. Agudo. Confuso. Terminal.

No primeiro ato a senhorinha desnudou a alma. Abriu as cortinas e saltou além da janela, indo para bem longe da suntuosa casa grande. Com o corpo enfeitiçado arrastou sonhos pela paisagem. Senhora e escrava na senzala de seus desejos.

Ao fim do segundo ato, sem demonstrar clemência, o capitão do mato rasgou a carta de alforria q ostentava como símbolo de liberdade e troféu de resistência.

Agora, bela e adormecida, povoava os rios com delírios. Os canteiros com cheiros e recheios de fada.

Em estado de graça sentia-se amada, mas, não inteiramente saciada. Era o q revelava o balbuciar sonâmbulo dos lábios, numa narrativa desbocada sussurrada entre véus surrados, brocados e bons bocados despidos na intimidade dos sonhos.

No palco, os únicos aplausos q se ouvia provinha do bater acelerado do coração. O cenário feito de delícias q se mostraram caseiras, agora perpetuava nos volumes e na silhueta exposta sobre a cama.

Enigmas e sedução no transpirar dos poros. Em cada ponto reticente, a cada exclamação, clamava o imperativo de sua melhor indefinição.

Não sem razão...







Adoniran Barbosa foi um cantor e compositor paulista. O seu primeiro sucesso como compositor foi ‘Trem das Onze’. A música, q já havia sido gravada em 1951, foi regravada pelos ‘Demônios da Garoa’, conjunto musical de São Paulo, do qual era seu mais ilustre componente. Adoniran Barbosa morreu em 1982, aos 72 anos de idade.

Pierre-Auguste Renoir foi um pintor francês impressionista. Sua obra foi influenciada pelo sensualismo, elegância e a delicadeza de seu ofício anterior como decorador de porcelana.

A foto de Adoniram Barbosa utilizada na imagem é de Pedro Martinelli