quinta-feira, 29 de março de 2012

Auto-refrato...


Eu feminino traço relativo
Mastigo indefinido o substantivo
Eu masculino plural

Eu corpo nu costurado
Verso imperativo o rastro
Movediço vento reverso letal

Eu léxico esconjuro o artigo
Astuto conjugo o tempo no grito
Com o Augusto verbo Boal





Augusto Boal (1931/2009), dramaturgo e ensaísta brasileiro, fundador do Teatro do Oprimido. Segundo ele, o Teatro do Oprimido é o teatro no sentido mais arcaico do termo. Todos os seres humanos são atores - porque atuam - e espectadores - porque observam. Somos todos 'espect-atores'.

sexta-feira, 23 de março de 2012

A noiva de Almodóvar...



Cinzas pastéis beiravam ribeiras com seus cantos de mangue e cheiro da fêmea. Com lábios oferecidos ela desnudava sorrisos e encontrava seus sentidos nos despidos brocados de bilro.

Nada lhe parecia estranho na noite da estrela D'alva. Em sua volta serafins dançavam e cantavam bêbados no beco de suas quarentenas. Na flor da sua pele exala o ardor do seu perfume d’alma.

Cercada por roxas tulipas ela exibia suas coxas pelas docas. Nem importava com a chama q inflamava suas acesas ancas. Nada disso contava. Nem mesmo qdo lhe chamam de 'putana' ou Dama de lotação.

No seu olhar residia um sonho. Em suas veias fervilhavam prismas. Líricas sensações.

Sentindo-se pronta percorreu a nave num bailar suave, sem saber em q parte de seu corpo batia tanto coração...








Modelo: Luci Braga / Produção: Nalva Melo/Café Salão – Ribeira – Natal / Ilustração composta a partir de imagem de Tarcio Fontenele

sexta-feira, 9 de março de 2012

Provérbio ao relento...

Em terra de cegos é melhor abrir bem os olhos.

quarta-feira, 7 de março de 2012

A mulher...



Sim, não há poema q exprima,
Por mais q se lapide a rima
Numa mulher não compreende
Nem cabe uma única percepção
O q torna impossível qq tentativa
De uma exata definição
Para este ser q ovula e carrega,
Em si, o dom da evolução





Dia 8 de março. Dia Internacional da Mulher
Pensando bem, não à toa seu dia é o infinito...

O bonde...


O bonde ia, ia, ia
Subia e descia
Guiado pelo anzol
Brilhante do sol
A lhe dar bom dia

Qdo o sol adormecia
Junto com a tarde
Ele vinha, vinha, vinha
Até encontrar o luar
No alto da noitinha

domingo, 4 de março de 2012

Clave de sol...



Desamasso o pedaço do papel almaço onde descrevo apaixonadas elegias a tua febril poesia.

Com meus pés descalços aperto os laços e saio em teu encalço. De um só gole tomo frenético o sumo de teu corpo em alvoroço.

Sem esperar a hora do almoço te janto inteira, até a sobremesa, na mesma clave de sol.

Não sei com q anzol fisgastes meus desejos, mas sei q tens a chave de meus segredos...





Montagem sobre fotografia de Katya Floriani, a quem agradeço.

sexta-feira, 2 de março de 2012

Galopeira...

Teus colares
Pratas cavalos
Arreios alheios
Luz no escuro
de meu verso

Tudo q cobres
Meus olhares
redescobrem
lugares lunares
a te galopar





Galope: A carreira mais rápida do cavalo. A parte superior do mastro q recebe a borla. Dança rodada em ritmo acelerado

Absoluta cegueira...

O certo é cego
É provável
Nem te enxerga
O mito do mto
É improvável
Quase nunca
É provado
É certo, o certo
Não se enxerga