domingo, 19 de dezembro de 2010

Eleutério plexo...

Os dias vêm e vão
Em vão tateio seu nome
pelos escombros
A solidão vem e vai
Sem causar espantos
Destroços sem trecos
No relento me nego
Aos alentos repetecos

No boteco a menina faz
Renda de bilro no lero-lero
Percorro o rodoanel
Sentindo seu mel
Escorrer pelo corrimão
Em off ufos dançam
Na palma de sua mão
Ao som do reco-reco...

sexta-feira, 17 de dezembro de 2010

Meu zen... Nada mal...

Meu real é irreal. Meu irreal é real. Carne em flor da pele q serve e bebe o lado zen da flor do mal... Meu paraíso é meu inferno. O meu inferno é um paraíso incerto, mas, qdo vem e me tem, é justamente qdo sei q me sinto em paz...

O sentido dos sentidos...

O sentido da vida sempre está a um passo de ser revelado, segundo a segundo, segundo cada instante em q se escuta o bater inquieto do coração...

Libertas quae sera tamen...

Devassa lua descasca a prata
Seduzida revela-se assanhada
Sem q ninguém venha a perceber
Pelas corriqueiras tramas
Sem apagar as chamas da mulher

Abraços sem amarras, em segredos
Despertam desejos odores de flores
Guloseimas em beijos doces
Despetalando o cio, fio por fio
Acesa clama em aceso pavio...

Passeamos vagabundos
Nossos mundos incertos. Dispersos
Lavamos a alma. Saciamos a sede
Até q o dia amanheça
A fome e a sede outra vez...

Asas de Pandora...

Cravam-se dedos
Mãos em costas
Mãos postas
Dispostas sobre o corpo

O mar sacode
No q encostas
Cresce enquanto despes
Crescente... Nascendo...

Repetimos ondas
Lascivos, em oceanos
Meu corpo beira teu mar
Batendo lá dentro...

segunda-feira, 13 de dezembro de 2010

Dores da rua...

Passava quarenta minutos da meia noite. Um casal escuro pela sujeira da rua arrastava um colchão de solteiro nas calçadas da cidade baixa. Alguns passos atrás, uma criança com pouco mais de cinco anos seguia sem vida e resignada, beirando os limites sombrios da última sombra q se projetava do enlouquecido casal.

Caminhavam sem rumo e sem ter as mãos dadas, o q dificultava a compreensão da criança. Um instante para cá. Logo em seguida para lá. Os dois esbravejam rancores sem dar conta das próprias dores. Queriam apenas encontrar um lugar onde pudessem sonhar.

Momentos depois despencaram como duas pedras suas perdas podres no abismo de uma realidade repleta de sobras. Cobertos pelas noticias e alguns trapos ocuparam o seu espaço à sombra da marquise. A princípio abraçados. Depois se deram as costas, com a criança soluçando entre eles.

domingo, 12 de dezembro de 2010

Resposta sem postagem...

Incompleta, a alma desperta
Sem pressa abraça. Abriga
Na justa medida. Afaga
Suaves lampejos da fala, eu falo
Sem perceber deságua em meio
às brumas suaves. Fartas
Brisam desejos en tu besos
Ventos silentes de la luna
Vivas czardas, sua outra metade
Quiçá... Quiçá... Quiçá...

Rito de passagem...

O vento passa.
Dentro de mim
Repasso o tempo
E me reinvento.
Respiro o momento
Anis seios de lírios
Meu grito acerta
O meio do rio.
Um rito de passagem...

Blood in the rain...



Entre as folhagens o pássaro se protege da chuva.

Cada gota cachoeira em seu corpo sem, contudo,
lavar desgostos nem limpar desilusões.
Na mesma água tenta saciar a sede e sossegar a emoção.

Aonde ir se o amor é cego e não tem morada?
Do q sorrir, se o sol não lhe seca as asas?

Sonhos afogados em lágrimas.

Pássaro solitário longe da ninhada
Pássaro sem passárgada, de asas molhadas
Solto no tempo, a sentir seu canto se perder
sem o brilho lúdico q um dia despertou auroras

Pássaro... Pássaro... Pássaro...
Sem passado e cansado de tanta chuva
Sem vontade de fugir e sem amor para cantar

O inquieto bico aflito rebusca
sonhos de uma primavera q suas asas não verão.
Lembranças na neblina da paisagem
Protegido tão somente no q lhe resta de folhagem
À espera do tempo incerto de prosseguir viagem

Sem vontade de seguir. Preso a temporais...

sexta-feira, 10 de dezembro de 2010

Cristalina...

Saudades do q não vivi
Saudades, contudo
Do q sorrindo senti
Com tdo o q até hj sei...

Here come the sun...



Acordo e tomo um café. Debruçado na janela acendo o cigarro sem pensar em nada. No peito aberto trago o gosto margo q não cicatriza.

O horizonte continua distante. Ainda assim preparo minha partida com a alma repartida. Sem acreditar em rompantes. Sem pensar em romance

Calado apago o instante e o cigarro sem rebuscar os porquês. Fecho a porta e saio deixando a janela aberta.


quarta-feira, 8 de dezembro de 2010

Osso caroço... Serpente Buñuel...



O mundo anda corcunda com tanta dialética e bundas cheias de bossas diarreicas. Um toque aqui, outro retoque ali,  mas ninguém preocupado em se limpar.

Faz-se festa até pelo q não presta. Até se exalta em samba a tentativa de retomada do território nacional. A  macacada enlouquecida aplaude e pede bis. Tropicália é o Haiti dançando funk. Tudo arrepia. Só não dá liga. Um bolero capenga de dois para lá e nenhum para cá.

O amor é cego. A justiça é cega. Só falta furar os olhos do ursinho blau blau...

Depois do cristo crucificaram a laranja. Melancias rebolam torto à esquerda. A liberdade é passaporte diplomático.

No carnaval é preciso manter o sorriso enfático. No camarote a vista engrossa ao ver sua fêmea passar atracada no pescoço suado da plebe. Já não comove o mate derramado.

“Ela me leva à loucura. Ela tem um sabor de aventura. Todos dizem: ela é demais...”

Para o bem da coletividade politicamente correta continuamos santos. Parafraseamos. Esperneamos. Escondemos as causas. Exploramos os danos. No final de cada ano, um tanto Nostradamus, nos damos às mãos e entoamos um lindo perdão pela falta de esperança.

- Ah! Mundo sem caroço!
Disse o homem na beira do poço. Perplexo com o próprio reflexo.

A moeda tem dois lados. A serpente duas cabeças.  Meninos armados até a múltipla potência tiram a tranqüilidade da nação.
De forma discreta a dama vive suas tramas e expõe seus dramas em álbuns e fantasias. Enquanto ela dança o mundo balança sua realidade absurdamente Buñuel.

 



Musica incidental: Meu Ursinho Blau Blau / Sérgio e Massadas

sábado, 4 de dezembro de 2010

Pela estrada afora...



Pela estrada afora seguia passageira de seus sonhos. Nem sempre precisava olhar pela janela para se sentir amada. Sabia mto bem o q havia por trás dos montes, e do qto seu pensamento subia cada vez mais alto nas escadarias de um calabouço cada vez mais iluminado.

Parte de si escondia segredos. A outra ardia tocando a pele umedecida de desejos.

A barca navegava em silêncio pela escuridão. O ventre preso por amarras q, apesar de seguras, não a impediam de sonhar. Queria mais. Cada vez mais. Queria ouvir as badaladas fortes dos sinos, em completo desatino.

Seu amor era cego e soprava loucuras nos ouvidos.

Não. Ela nunca iria cometer loucuras. O máximo a q se permitia, com extremada ousadia, era deixar se levar por temporais. Nada mais. Nada além de um desejo em se livrar do peso incômodo das roupas q usava, mas não lhe vestiam bem.

Protegida pela vidraça acenava para dentro de si mesma. Em seu íntimo queria o poder de parar o tempo com seus acenos. Parecia prender nas linhas da mão cada traço de um horizonte perdido n’algum ponto da estrada.

Jeannie sempre fora um gênio presa em sua invisível garrafa. Só q agora tinha no laptop o comando Enter e Stop.

Quando tulipas batiam palmas, a fêmea ganhava asas. Em cada ponto de parada retocava a maquiagem. Um café. Um guardanapo manchado de batom. Um anel e a lembrança das alianças.

A barca anunciou a partida. Mais uma vez ela se repartia. Dividida partia com o desejo preso em um arquivo oculto na memória do computador...